sexta-feira, 1 de junho de 2012

Naquele tempo

Por Marcus Vinícius

Twitter: @marquinho186

Blog: http://100sobrenome.blogspot.com.br/


Feriado no domingo não é muito agradável para quem já o tem como dia de folga, mas aquele primeiro de maio de 1994 foi marcante, pelo menos pra nós, aqui do bairro.
 Dia do trabalho é sempre uma data cheia de manifestações e reflexões, mas como não estávamos nem aí para nada, e nem tínhamos idade para isso, o jeito foi rachar no futebol.
 Logo cedo, às nove horas, tínhamos um jogo-contra na quadra do Lanifício. Estávamos dispostos a jogar com raça para vencer os nossos rivais, a “mulecada” das “casinha”.
 A temperatura estava agradável naquela manhã. Quase ninguém na rua, exceto as senhoras que voltavam sorridentes da padaria, segurando suas sacolas com leite e pão.
 Eram quase oito e vinte quando o nosso time começou a aparecer e se reunir em frente à casa do Renan. Aos poucos, os “muleques” iam chegando. Enquanto alguns desciam o morro com cara de sono e olhos cheio de remela, outros chegavam animados, entoando nossos gritos de guerra.
 O clima era de harmonia. Os que chegavam comendo pão com manteiga e bolacha, repartiam com quem não havia tomado café da manhã. Quem não se alimentasse direito corria o risco de não aguentar o pique do jogo.
 O horário da partida se aproximava e, como sempre, o Tidão estava atrasado. Fred e Rodrigo já reclamavam do atraso quando, de repente, nosso zagueiro surgiu no topo da rua. Alguns gritaram “até que enfim” e os outros ficaram observando-o descer o morro de chinelo, bermuda e com uma camisa do Planet Hemp sobre o ombro.

Pronto! Já podíamos ir!

Saímos em direção ao campo. No caminho, íamos chutando a bola e conversando. Eu comentava sobre o clássico que aconteceria às quatro da tarde entre São Paulo e Palmeiras e o Dudu explicava como conseguiu o emprego no Bar do Escobar.
 Ao entrar na Avenida Nicola Cianflone, que ainda era de terra, os mais ansiosos começaram a jogar pedras nas lâmpadas dos postes, enquanto os mais famintos roubavam goiabas na chácara Paraíso.
 O ritual da caminhada acabou quando chegamos na quadra de areia. O time adversário já nos esperava. Entramos, deixamos o chinelo perto do portão, cumprimentamos os caras e decidimos as regras: cinco vira e dez acaba, sem tempo e todos descalços.
 O jogo começou “pegado”, os pés descalços dos dois times não estavam nada amigáveis. Jogo duro. Nenhum dos dois times se sentia visitante, portanto, ninguém queria perder em casa. Eu estava no gol, e de longe via os dois times jogando como se joga um Uruguai x Argentina...

Texto na Integra em: http://revistaiii.blogspot.com.br/2012/05/revista-iii.html - páginas 19 e 20

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