Por Letícia Santos
“Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz.”
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz.”
(Dueto – Chico Buarque)
Um dos maiores filmes de amor do planeta “Separações”, de Domingos de Oliveira, não tem lá um nome muito sugestivo ao amor, porém ele é de fato. Diante do abandono, o pedido de volta construído em uma história de anos. Por outro lado, o amor de “Contra Parede”, de Fatih Akin, tem como palavra chave: a intranqüilidade, em um momento da vida de duas pessoas, quando as coisas não se encaixam.
Em “Um Quarto em Roma”, de Julio Medem, a frase “O amor é um efeito colateral do sexo” se encaixa perfeitamente. Duas mulheres se encontram na Itália, e a sugestão que fica é que o sentimento aconteceu. Já em “Por 80 dias”, de Jon Garaño e José Maria Goenaga, duas senhoras se reencontram e se recordam do amor que tiveram anos atrás, mas nesse novo encontro, as duas têm mais coisas para considerar que o amor de outrora.
Partindo desse mesmo artifício, que nos leva ao amor. Não existe nenhum outro cineasta no planeta mais genial nesse quesito, o maior de todos é e sempre será Pedro Almodóvar. E para trazer à tona todo seu poder, o filme mais sensual e sexual já feito: “Carne Trêmula”. Almodóvar consegue atingir a perfeição nesse filme, e assim, os corpos suados dos personagens marcam constantemente toda intensidade de seus sentidos.
Já em “O Pecado da Carne”, de Haim Tabakman, nem o amor, e muito menos o sexo entre dois homens, consegue chegar nem na beirada do sublime de Almodóvar. E isso não significa falta de entrega dos personagens, que sim se entregam loucamente ao sexo e ao amor, como os do mestre espanhol. O que falta para os judeus ortodoxos do filme é a permissão divina e social de viver seus sentimentos.
Nesse caminho em direção ao amor e seus efeitos, duas estradas muito doces. Em uma delas: os encontros e desencontros do amor em Buenos Aires , com o belíssimo “Medianeras”, de Gustavo Taretto. E na outra, todo encanto com “Beginners”, de Mike Mills. Em ambos está a solidão, e não que isso seja de todo negativo. É quase positivo, porque a partir dessa solidão constante, os personagens conseguem reconhecer o amor no outro, que eles encontram na rua ou em uma festa qualquer.
Lembrando de toda maturidade adquirida com o tempo pelos amantes de “Separações” e “Por 80 dias”, dos conflitos de cultura em “Contra Parede” e “O Pecado da Carne”, ou então, dos sentimentos mais sensíveis de “Medianeras” e “Beginners”. E mais, de toda contribuição do sexo, que marca “Um Quarto em Roma” e “Carne Trêmula”, eis que se faz a presença dos primeiros amores nos delicados “Juno”, de Jason Reitman, e “Adeus, Meu Primeiro Amor”, de Mia Hansen-Løve.
Por fim, deixando de lado um bocado de amores pelo caminho, o que fica nesse que aqui foi trilhado é a beleza, que envolve o amor, esse com sexo, conflito, e deleite. E claro, sofrimento, porque como escreveu Vinícius de Moraes: “Pergunte ao seu Orixá O amor só é bom se doer”.
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