quarta-feira, 30 de maio de 2012

AMOR, maite, amour, amore, ai, lieben, αγάπη… CINEMA!!

Por Letícia Santos

“Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz.”
(Dueto – Chico Buarque)

Um dos maiores filmes de amor do planeta “Separações”, de Domingos de Oliveira, não tem lá um nome muito sugestivo ao amor, porém ele é de fato. Diante do abandono, o pedido de volta construído em uma história de anos. Por outro lado, o amor de “Contra Parede”, de Fatih Akin, tem como palavra chave: a intranqüilidade, em um momento da vida de duas pessoas, quando as coisas não se encaixam.
Em “Um Quarto em Roma”, de Julio Medem, a frase “O amor é um efeito colateral do sexo” se encaixa perfeitamente. Duas mulheres se encontram na Itália, e a sugestão que fica é que o sentimento aconteceu. Já em “Por 80 dias”, de Jon Garaño e José Maria Goenaga, duas senhoras se reencontram e se recordam do amor que tiveram anos atrás, mas nesse novo encontro, as duas têm mais coisas para considerar que o amor de outrora.
Partindo desse mesmo artifício, que nos leva ao amor. Não existe nenhum outro cineasta no planeta mais genial nesse quesito, o maior de todos é e sempre será Pedro Almodóvar. E para trazer à tona todo seu poder, o filme mais sensual e sexual já feito: “Carne Trêmula”. Almodóvar consegue atingir a perfeição nesse filme, e assim, os corpos suados dos personagens marcam constantemente toda intensidade de seus sentidos.
Já em “O Pecado da Carne”, de Haim Tabakman, nem o amor, e muito menos o sexo entre dois homens, consegue chegar nem na beirada do sublime de Almodóvar. E isso não significa falta de entrega dos personagens, que sim se entregam loucamente ao sexo e ao amor, como os do mestre espanhol. O que falta para os judeus ortodoxos do filme é a permissão divina e social de viver seus sentimentos.
Nesse caminho em direção ao amor e seus efeitos, duas estradas muito doces. Em uma delas: os encontros e desencontros do amor em Buenos Aires, com o belíssimo “Medianeras”, de Gustavo Taretto. E na outra, todo encanto com “Beginners”, de Mike Mills. Em ambos está a solidão, e não que isso seja de todo negativo. É quase positivo, porque a partir dessa solidão constante, os personagens conseguem reconhecer o amor no outro, que eles encontram na rua ou em uma festa qualquer.
Lembrando de toda maturidade adquirida com o tempo pelos amantes de “Separações” e “Por 80 dias”, dos conflitos de cultura em “Contra Parede” e “O Pecado da Carne”, ou então, dos sentimentos mais sensíveis de “Medianeras” e “Beginners”. E mais, de toda contribuição do sexo, que marca “Um Quarto em Roma” e “Carne Trêmula”, eis que se faz a presença dos primeiros amores nos delicados “Juno”, de Jason Reitman, e “Adeus, Meu Primeiro Amor”, de Mia Hansen-Løve.
Por fim, deixando de lado um bocado de amores pelo caminho, o que fica nesse que aqui foi trilhado é a beleza, que envolve o amor, esse com sexo, conflito, e deleite. E claro, sofrimento, porque como escreveu Vinícius de Moraes: “Pergunte ao seu Orixá O amor só é bom se doer”.






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