quarta-feira, 2 de maio de 2012

THE RUM DIARY – DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO


Por Ane Tavares

O consenso geral prega a ideia de que o bom jornalismo deve ser neutro. Não deve haver um “eu” ou opiniões, mas sim, o relato de fatos narrados por um autor quase invisível.
O polêmico Jornalismo Gonzo traz uma ideologia contrária a este consenso. O gênero foi criado na década de 60, nos Estados Unidos, por Hunter S. Thompson, jornalista niilista, boêmio e usuário assíduo de alucinógenos.
O termo “gonzo” provém de uma gíria irlandesa para designar “o último homem em pé após uma maratona de bebedeira”.
Hunter Thompson ganhou notoriedade com seu modo despojado de escrever e narrar os fatos. Ou estava embriagado, ou chapado, ou os dois ao mesmo tempo. Em seus textos, não há a realidade objetiva a qual vemos no jornalismo tradicional. Thompson oferece um conjunto de subjetividades e universos oníricos - características que podem ser notadas nas obras Medo e Delírio e Rum – Diário de um Jornalista Bêbado, ambas adaptadas para o cinema.
Na terça-feira, 17/4, assisti à este último: Rum – Diário de um Jornalista Bêbado. O filme, estrelado e produzido por Johnny Depp, conta a história do jornalista Paul Kemp (alter ego de Thompson), que na década de 1950 deixa os Estados Unidos para trabalhar em um jornal decadente de Porto Rico. Ao chegar na ilha, Kemp se depara com um cenário político caótico e um ambiente de trabalho displicente – tudo isso acompanhado por muito, mas muito rum!
O filme tem tudo para ser um sucesso de bilheteria. Traz boas doses de romance, comédia e sarcasmo inteligente. Porém, leitores fiéis de Thompson podem se decepcionar bastante com a adaptação. Se comparado a obra original, a versão do diretor Bruce Robinson apresenta um Paul Kemp careta e idealizador (características que não integravam o universo onírico descrito por Thompson).
Mesmo não sendo aclamado pela crítica, vale a pena assistir e comparar os modelos de jornalismo do final do século XX e deste início, XXI. Se antes a “tendência” era libertar a mente com o uso de alucinógenos e também do álcool, agora, o que prevalece é o “politicamente correto”.

Mande sua opinião para nós: VOCÊ ACHA QUE PARA FAZER O JORNALISMO GONZO É PRECISO USAR ARTIFÍCIOS ILÍCITOS?

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